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domingo, 21 de março de 2010

Por trás do nick existirá um coração?


Desde pequena ouço muitos dizerem ao meu redor: “Você nasceu na era da digitalização”!
Ocorreu-me quando estava na 2ª série do ensino fundamental, em 1999, a professora Paula Steolla, a qual eu admirava muito, disse que no ano 2000 haveria grande mudança de valores, e que chegaria a época que pediríamos conselhos para um computador, e todas as nossas dúvidas seriam por ele resolvidas. Na época eu nem tinha ideia do que viria a ser a Internet, minha imaginação infantil era inocente demais, lembro-me até que me assustei quando vi uma página de Internet pela primeira vez, foi do Uol, achei tudo muito melhor do que imaginara outrora.
Creio que estimada professora não se enganou. Eu mesma fui vítima dessa era várias vezes. Acredito que a questão de valores mudou e muito. Me peguei várias vezes dando mais atenção para a máquina que para alguém de verdade que estava ali do meu lado precisando de mim.
A Internet evoluiu muito, tomou grandes proporções de importância na vida das pessoas. Os sites de relacionamentos, que são os que mais fascinam, bombam, criam-se cada vez mais atrativos para nos manterem plugados o maior tempo possível.
Posso afirmar que caí muito bem nessa armadilha, que para mim soou terrível. Entrei de cabeça em um namoro virtual que durou aproximadamente um ano. Sim, eu nunca o vi, nem por web cam, aliás, tenho grande convicção de que as fotos que tal ser me mostrara nem eram dele. Caí mesmo no encanto de doces palavras, de um carinho imaginário, de um mundo à parte que eu fui criando para me manter crente de que tudo aquilo que me agradava fosse real, era nisso que eu queria acreditar e ninguém conseguiu mudar minha opinião por mais que eu sofresse com meu relacionamento virtual que foi se tornando algo doentio para mim.
Eu queria a qualquer custo conhece-lo pessoalmente, mas eu fui ingênua de acreditar em falsas promessas, eu passei a crer fielmente em mentiras. Devido a minha teimosia e supostamente ao amor, eu fiz uma tatuagem (de verdade, sim) na minha nuca, da inicial do nome dele. Se me arrependo? Não. Foi algo muito significativo para mim na época, mas não faria novamente. Fui, e ainda sou criticada pela minha atitude. Hoje eu mudei a tatuagem, fiz um desenho de significado muito pessoal e que prefiro guardar somente para mim. Afinal foram muitos dias de dedicação total à máquina, digo máquina porque tenho motivos suficientes que me levam a conclusão de que ele não passava mesmo de algo muito imaginário. Um personagem imaginário que se travestiu em um nick que nem é nome de gente.
Um maníaco de Internet. Alguém que se dava por feliz ao fazer uma pessoa se apaixonar e sofrer por ele, e que, de quebra ainda sugava todas as minhas energias vitais, que também me colocou em um casulo de solidão. Essa é a maneira que encontrei para definir um maníaco de Internet. Eu levo a sério esse negócio de maníacos da rede. Talvez por isso eu seja às vezes irônica e satírica. O maníaco de Internet nem sempre é deprimido, muito menos inofensivo. Minha lista de sintomas de um maníaco seria infindável. Mas quem sabe por trás da máquina e dessa máscara que se constituem de suas mais variadas personagens não exista uma pessoa de verdade que sofre de sérios problemas psicológicos e que encontra na Internet uma maneira de se sentir incluso na sociedade.