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segunda-feira, 14 de maio de 2012

O preço da paz




Estou vivendo tempos tão difíceis para mim, nada parece dar certo. Tudo que eu julgava, seguro, fiel e verdadeiro virou fumaça. Tudo que mais quero? PAZ.

O que um dia fora sólido simplesmente desapareceu. Vai ver não era pra ser. Fiquei meses mergulhada em um mar de pensamentos, dentro de mim mesma. Acho que pelo menos aprendi a não me anular por nada nem ninguém.

Em meio à tanta reflexão interna, recalculei meus valores, priorizei algumas coisas e exclui outras da minha vida. Eu estava mesmo achando a minha PAZ.

Nunca imaginei que numa madrugada de um dia normal,  em que havíamos feito uma reuniãozinha de amigos na república, logo após a aula, onde pedimos aquela pizza de R$10,00 e compramos a cerveja em lata mais barata do serv festa, aqui perto da república, teríamos a casa invadida.

Quando todos foram embora, de madrugada, creio que aproximadamente 1h, guardei minha moto no fundo de casa, como faço todos os dias. Tudo absolutamente normal. Entrei para meu quarto, liguei o netbook e fiquei até altas horas na internet, twittando e facebukando, sustentando meus vícios digitais. Minha amiga estava na sala, vendo os programas da madrugada, da TV aberta. Tudo como todos os outros dias.

Madrugada essa que nunca vou me esquecer. Dormia como um anjo, até sonhei com... barulhos. Barulhos? Sim, mas não eram sonhos. Era minha casa sendo invadida por um ladrão gatuno. Ele estava no quarto da minha amiga, quando ela acordou e foi surpreendida por ele, que mandava calar a boca. Lógico que ela gritou. Gritos, gritos e correria. Momentos de pavor.

Abri a porta, achando que aquilo não passava de mais um delírio meu. As meninas corriam e gritavam. ‘É ladrão’!. Trancamo-nos, em questão de segundos, no meu quarto. Apenas uma trava vagabunda nos separava do ‘perigo’. Apenas um celular em mãos e muito medo. Quando vi estávamos as três em minha cama, tremendo e chorando, tentando tomar a decisão mais sensata: chamar a polícia.

Foram esses os minutos mais eternos da minha vida. O medo me deu uma coragem, que creio, saiu das profundezas da minha alma. Tenho grande convicção de que meus anjos da guarda estavam ali comigo naquele momento, me dando coragem, forças e discernimento. Ouvíamos barulhos que nos davam a certeza: ele ainda estava lá.

A polícia chegara. Jogamos a chave pela janela, naquela escuridão. Eles entraram. Somente a lanterna azulada dos policiais iluminava o ambiente. Pavor.

Abrimos a porta do quarto e saímos, calculando prejuízos e ligando para a família. Um amigo muito prestativo veio nos fazer companhia neste momento de tanta insegurança.

Telhado sem forro, de um pequeno corredor que dá acesso ao banheiro. Apenas três ou quatro telhas tiradas cuidadosamente e empilhadas, um vão pequeno e uma habilidade enorme. De pés descalços ele nos tirou algo tão precioso que tínhamos: nossa segurança.

Nunca imaginei que um dia fossemos passar por essa experiência, que julgo uma das mais traumáticas da minha vida. Agora as medidas de segurança já estão sendo tomadas.

É difícil esquecer os ruídos que me acordaram naquela noite, os gritos de medo e desespero das minhas amigas, meu coração disparado e as pernas trêmulas.

Sempre pensei que o lugar mais seguro que existe fosse a casa da gente, o quarto da gente. E em um momento tão íntimo e ‘puro’ do ser humano, durante seu sono, ser surpreendido por um meliante! 


Me pergunto: Onde vamos parar? Estamos falando de uma cidade do interior que é pólo universitário!!! Indignação, esta é a palavra!!!

Acho que só com o tempo iremos esquecer este pesadelo e conseguir voltar a dormir em paz.


Uma das medidas de segurança foi a adoção da vira-lata Loretta, agora nossa cão de guarda. Ela será treinada para se tornar um vira-lata raivoso!