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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Embrulho daquele judiado coração clichê

IV- Capítulo Quarto
Daqueles rascunhos preto&branco que foram coloridos pela aquarela dos céus


A fé de que o recomeço é uma constante na vida. Aquele desejo de se sentir sempre bem e plena toma conta de mim. Não tenho necessidade de gritar ao mundo e provar a todo custo que assim me sinto; estou bem comigo mesma. E devagar, sinto que as flores da minha vida vão desabrochar.

Quantas vezes eu não preguei para mim mesma que não iria mais me apegar. Que não iria mais dar carinho à alguém, ou ficar falando coisas bonitas que eu vejo e sinto. Mas ainda continuo sendo a mesma boba-romântica-apaixonada. Não sei ser desapegada.

Estou aproveitando, mais do que nunca, curtindo cada descoberta, cada momento em comum. Encarando cada dia como um novo desafio à ser vencido... e assim, amansando os leões rotineiros. Meu único "problema" é que encontrei em ti, dono de verdes olhos, um sentido pra continuar. Um sentido para vencer minhas batalhas diárias (às vezes mais internas). E agradeço todos os dias à Deus, que exista alguém assim como eu no mundo.

Resolvi encobrir as memórias, tapar os buracos e construir novas pontes. Tentar abrir sorrisos nos lugares que já foram ocupados pelo silêncio (que molhado!). Espirrei perfume do afeto pelo ar, para disfarçar o mofo do meu coração, que passou tanto tempo trancado. Disfarcei os traumas. Guardei o que sobra; pois nada apaga, NADA. Apenas muda as prioridades, mudam os focos. Tudo filtrado, colorido, dobrado e engavetado. Amontoei tudo num porão imaginário, bem lá no fundo. As coisas ruins, as lágrimas doídas, as palavras atravessadas. As fotos tremidas. As dores dos cortes. Só me restaram as cicatrizes, essas, que nem o tempo será capaz de apagar.

Sou eu novamente, me reerguendo, renascendo das cinzas como uma fênix. Natália Beatriz, um tipo de pessoa que nasceu pra amar. Eu sou o amor. Nunca pedi nada em troca, além da reciprocidade. Gosto do simples poder de arrancar o sorriso do rosto de alguém com um dos meus. Sou daquelas que faz disso uma das suas maiores prioridades. Toda vez que penso nele, é como se eu sofresse leves arritmias.

Sou aquela mesma menininha míope, dos negros cabelos,  que um dia se "apaixonou" por estranho rapaz que andava esquisito na Avenida Paulista. E por outro apaixonado, que sempre entrava na floricultura, em frente ao meu trabalho - anos atrás- para comprar flores para alguém. Sofro de olhares apaixonados. Gosto de botar sentimentos em tudo. Gosto de observar como isto volta e meia está escancarado nas ruas, em tempos tão insanos. Quero sempre relembrar de tudo que me fez sorrir. E relembrar daquele abraço que não mais senti.

"Qual é a tua, Natália?" E eu, obviamente responderei: (a frase mais clichê dos intrinsecamente apaixonados) "Eu gosto é de pessoas".

Foi entre amores e desamores, sabores e dissabores que conheci Dono de Verdes Olhos. De mansinho, passou a habitar meus pensamentos de forma constante. A menina que colecionava palavras, livros espíritas, selos antigos e sabores de chás. Às vezes até palavras bonitas e gestos amáveis. Gentilezas. Assim, amarrei o coração em verde fita imaginária, e entreguei à ele, de presente; sussurrando baixinho: " Tá meio usado, mas acho que ainda serve, cuida dele pra mim?".