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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A espera e a esperança de 2016

XII - Capítulo Décimo Segundo: O desejo da paz e até nunca mais.
Das andanças pelos labirintos que foram esses 11 meses.

2015
Me descobri como a melhor mudança


Corri tanto e em diversas direções. Me perdi nem sei onde, por aí...sequer me encontrei. Devo ter ficado presa em fotografias antigas, num sorriso qualquer, braços e abraços tão convincentes que só faltavam com a "verdade".

Eram três malas. Um travesseiro. 24 anos. Há cerca de 800km de "casa" (que casa?)
Naquela rodoviária. Sozinha. Alguns trocados na carteira e 1 garrafa d'água.
Rondonópolis-MT, 4horas da madrugada do dia 11 de janeiro de 2015. E ali, na penumbra, senti meu renascer.

(Me senti refugiada da guerra.
Guerra do ego, do poder.
Eu vivi um engano. Vivi mentiras.
As carcaças caíram, apareceram as máscaras e as verdadeiras faces.
Humilhação, decepção. Abandono.)

Ao carro andar mais centenas de quilômetros, assistia ao amanhecer do Pantanal. O ar puro que deixava entrar pela janela do carro. As plantações de milho e soja, as emas que corriam soltas. O céu e as fazendas-sem-fim. Seria esta minha nova realidade.

(E ali sentia aquela pequenina e fraca luz no fim do túnel.
O desejo do recomeço.
Planos e projetos. Sonhos e devaneios.
Distantes, perdidos, perplexos.
Sozinha. Entre outras solidões. O silêncio. O barulhão íntimo.)

(Caí. Tropecei. Levantei. Fraquejei. Chorei.
Não é preciso apressar o passo. Não há como apressar os dias, adiantar os ponteiros.
A contramão foi o meu destino. Do outro lado do rio.
Refúgio.)

E as coisas deram certo. Outras nem tão certo.
Conquistei meu espaço. Minha 'quase' independência.

Agora sou a senhora das minhas vontades.
Sou também o homem da casa.
Estou aprendendo a me tornar o esteio, o porto-seguro, a esperança.
A felicidade virou um apenas um dever cumprido. Nela, os boletos pagos em cima da mesa. O aluguel deste mês. Uma conta zerada e um prato cheio. Um copo de água fresca que ora desce como espinho.
Rezar e esperar o próximo dia x.
Num só ano, envelheci 10.

Os pés doem. Mas continuo caminhando. - Não posso fraquejar.
As costas doem. Mas ainda tô em pé. - Não posso parar.
A cabeça dói. Faço contas. - E sequer posso errar.
As mãos doem. Mas seguem firmes. - Não devo estremecer.
Os olhos doem. Marejados, míopes e fundos. - Procuram uma saída.
São cicatrizes que nem o tempo será capaz de apagar. - Sequer poder chorar.
Aprendizado que ninguém irá me roubar.

E o salário, que outrora "Não dava nem pra maquiagem". (sic) - É o sustento de minha família.
Aquela que "Só vem trabalhar 10 horas, vagabunda". (sic) - SEMPRE acordou de madrugada.
A menina "Que faz graça com o dinheiro dos outros". (sic) - É a garantia das contas pagas no fim do mês.
A praga lançada, não atinge quem tem fé.
"Vai morar embaixo da ponte, e venha me pedir dinheiro. Eu posso comprar um apartamento". (sic) - Pago mensalmente, com o suor do meu esforço e trabalho para morar numa casa digna.

Palavras à mim lançadas que um dia os autores irão pagá-las. Mas não com dinheiro.

Meu papel higiênico jamais será pago por quem quer que seja.
Minhas tatuagens são problema meu.
Meu corpo, cabelo ou minhas compras no supermercado não são patrimônio público.
Nem mesmo o dinheiro gasto para a minha formação.

O dia que desci nessas terras foi o dia da minha liberdade.
Restaurei a dignidade. Recuperei meu esfarrapado orgulho e o coloquei na cara.
Ninguém neste mundo irá me humilhar.
Ninguém irá controlar meus gastos ou minhas finanças.

Meu legado foi a ansiedade. Minha herança, a gastrite, um refluxo mal curado.
De brinde: O desejo de vencer. De dar os passos largos e compassados. Que na verdade não nos levam ao topo mais rápido. Mas quero, sonho, tento.

Este ano os presentes foram substituídos por contas pagas em dia
Este ano não tem amigos. Os poucos estão cada vez mais distantes (não só fisicamente)
Não tem mesa farta e variada
Não tem árvore de natal, nem luzinhas
Não vai ter roupa nova. Não vai ter branco. Nada está 'combinandinho'.
A champanhe vai ser daquelas sidras ganhadas (e que bom!). Ainda há o que comemorar

Arregacei as mangas, mesmo que ficticiosamente, vesti minha armadura e declarei guerra.
Umas batalhas perdidas, outras ganhas. Um eterno perde x ganha
E assim tenho seguido.

Há um ano atrás: expectativas.
Para o próximo ano: esperanças.
Entre decepção e esperar a melhor ocasião.


A hora certa, o tempo da colheita. Fazer o trem andar.

E agradecer. Também faz parte da oração.
Gratidão por 2015, que mesmo com tantos percalços e mudanças, foi o ano do recomeço.


Esperar sem desesperar. Eis o desafio.
Pela ansiedade. Pela promessa. Pelo nunca mais.




segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Tá estranho, mas tô de pé

XI - Como numa carta de despedida, insiro aqui o meu clichê
Porque era, já não é faz tempo...

Escrevo, porque não sei o que fazer com o que penso. Parecem escritas em braile para quem enxerga.
Eu sinto muito, eu penso demais, eu falo muito. Eu sempre falho. Eu dificilmente me contenho.
Escrever. Apenas escrever. Pois não tem remédio melhor que escrever quando se está transbordando sentimentos.

Ao pestanejar já era setembro. Tão esperado setembro. Outubro, novembro e já se achega dezembro...
Que as lágrimas sequem, porque para sobreviver, mesmo triste, cansada, desiludida, é preciso sorrir. Mesmo que tudo pareça desmoronar.

E logo alguém vai te cutucar, naquela tua ferida quase cicatrizada, sem sutura. Cadê o namorado?
E vou sussurrar: "Estou solteira". E logo haverão segundos constrangedores, seguida de uma cara de: "coitada, essa aí ficou pra titia". Quando eu acho, que, na verdade a pessoa deveria me dar os parabéns. Perceber que não estou com uma doença grave e que este não é meu objetivo primordial da vida. Não sou alguém que precisa de ajuda. Estou solteira por opção, e vou mudar isso quando Eu estiver afim. E olha que posso escrever com conhecimento de causa, já que constam no meu curriculum amoroso as mais diversas situações. E de verdade, eu tô muito bem assim. Até melhor que antes.

A pior solidão é aquela que se sente quando se está com alguém. Não por amor, ou paixão, mas por conveniência...afim de ter apenas uma companhia, para se encaixar na sociedade, para se sentir menos esquisita. Nada como viver sem aquela angústia amarrada na garganta.

E haverá o dia que hei de encontrar alguém que seja maior que tudo isso. Um alguém que será capaz de apagar toda neblina que carrego no olhar. Ou apenas um alguém que consiga me acompanhar. O que espero é bem diferente de tudo que já vivi. Só me fará sentido estar com alguém que me faça mais feliz do que eu já sou. E quando esse alguém chegar será bem especial. E até lá já estarei preparada para recebê-lo.
E se ele não chegar?
Se ele não vier tudo bem também. Não vai ser o primeiro 'bolo' da minha vida, nem o último. E Deus sabe o que faz. Não vou mais me deixar levar por pressão alheia. Só pra namorar pra dizer que namora. Casar pra carregar uma aliança que estampa "sou casada". Pra postar fotos diariamente, com a felicidade estampada e um textão romântico copiado do Google. Não. Não mais. Pra mim não.

Me deixe aqui bem quietinha com a minha vida. Eu não preciso viver essa frustração. Não mesmo. A verdade é que muitas vezes só você mesmo é capaz de preencher o oco que habita-lhe o ser.

O meu tempo é outro.
Tenho tanto com o quê me preocupar, que se o alguém tiver que chegar vai ter que ser no portão de casa ao sol do meio-dia. Agora pra mim é assim. Eu cansei de morrer sozinha.

Eu sou muito mais que uma menininha de vinte e poucos anos. Não sou mais aquela universitária bêbada, como muitos já me rotularam. Não sou mais recém-formada. Não nasci em berço de ouro, nem ao menos filhinha de papai.
Ando lutando muito pelo o que é meu. É o suor do meu rosto que sustenta minha família. É meu esforço. É uma luta diária com a sombra do pânico. É uma batalha íntima do meu ser. Eu não posso titubear. Não tenho esse direito.
E dessa forma vou vencendo diariamente meu pior inimigo, o Medo. Porque o medo, assim como a dor e outras infinidades de sensações, só quer ser sentido.

E o meu sonho é viajar. Sonho de conhecer a Torre Eiffel antes que a maldade humana a faça pó. 
Foi sonhando assim que me tornei uma marmanja tatuada, de 24 anos, com diploma de jornalista,  e acabei aqui: trabalhando em uma rádio. 

Com o tempo você vai percebendo que a maioria das pessoas à volta são como cobras, que te sugam a vitalidade, te injetam o veneno e ainda comem teus sonhos.

É assim que estampo um rosto de sair pra trabalhar. Em minha solidão firmo o passo. E sendo forte me fazendo de forte. Morrendo e nascendo um pouco à cada dia.


Como sempre espero que as últimas moedas e trocados se multipliquem pela carteira inteira. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tempos de des(amor)

X- Capítulo Décimo: Sobre seis meses de carência econômica e amorosa
Das promessas que (não) envolvem o infinito

Pensamentos perdidos que não fazem sentido. Ideias remoendo o ser. Uma pseudo-solidão imposta, talvez, pela sociedade. Ouço, nem tão imaginariamente, megafones: 
“Só é feliz quem tem alguém!!!”
“Seja uma mulher independente!!!”
“Você precisa arrumar um marido antes dos 30!!!”
“Seu sobrinho vai nascer, agora ficou pra titia de vez!!!”
“Você precisa focar na vida profissional, comprar um carro e um apartamento!”
“Precisa de alguém que cuide de você!”

Porra sociedade!!!
Te vomitam frases feitas, aqueles jargões clichês controversos! Que você com certeza têm que seguir à risca, pois onde já se viu?
É bem inconveniente você não se encaixar no padrão aceitável.
Eu não aceito é ter minha "vida" aos frangalhos novamente!
Não sei qual é o lance da "vida".  Nada se parece com nada. São sequências de tragédias previamente encenadas. E parecem que foi ontem... parece nem tão distante aquele 2011...
Porque talvez eu tenha o dom profissional de escrever cartas de amor. Cartas que só tem remetente.Eu sempre me expresso melhor por palavras ou lágrimas. Ou a soma dos dois. É um nó, dentro de mim, que ainda não aprendi a desatar. Eu nasci para amar.

Já consegui de incontáveis formas fracassar, na maioria dos âmbitos possíveis. Exceto, o fato de nunca parar de tentar acertar. Meus erros atendem por nomes próprios. E eu sempre me odiando, quase o dobro do que tô odiando você, X.
Vamos chamá-lo de X, assim preservamos sua identidade e faremos uma referência a este espaço que costuma abrigar minhas diarreias e vômitos em forma de palavras.
O problema é essa nossa quase-fixa-relação-imaginária que mantenho com você desde então. É que todos os meus casinhos deram errado, e eu torço sim para que os seus deem também. Porque eu duvido muito que o nosso não deu certo. Mas os outros sabiam que ia dar errado. E que você não teria 99% de coragem de contrariá-los.

Das vezes que me exponho ao transparente. Vou me deixar transparecer mais uma vez. É porque eu sei seus filmes preferidos. Ainda ouço aquela nossa canção. Lembro do teu cheiro, do teu abraço e de como apertava minha mão. Você ainda habita minha Oração...
Apenas numa foto, nada romântica, consegui te eternizar. Quiçá eu tenha inventado uma versão melhorada de você pra mim... 
O que se passa é que eu tenho mania de romantizar tudo. Quem sabe eu não tenha te observado por eternidades?
Era assim, pra mim, como um projeto a longo prazo, aquele plano que a gente faz pra vida
Mas eu era tão cerveja, limão e sal.
Eu já tô empurrada nessa fixação mental indefinida-errada relação que tenho com você e que agora todo mundo sabe.
E tudo que eu queria, se é que isso existe, é estar para X, assim como X está para mim. Mas como sou de humanas, a "vida" não aceita matemáticas.

Um pontinho qualquer no universo, guarda tantos universos!Se já morei só? Sim... em histórias de amor.Mas no fundo, tudo que eu queria, é alguém que entenderia o meu caos. A gente morre e renasce um pouquinho a cada dia. E perdendo um pedaço de mim a cada dia é que me reencontro no final...Reflexo d’um espelho antigo. E o fundo do poço, nem é assim tão fundo. É que eu sempre precisei morrer de amor, para continuar viva...
Minha "vida" é suscetível à desencontros... mas aquela verdinha-malandra, sempre me convence a esperar a meia noite seguinte.
Deve ser verdade aquela história que amadurecemos com os danos, não com os anos...
Talvez uma velhinha de 20 e poucos anos...

segunda-feira, 25 de maio de 2015

IX - Capítulo Nono: Do caos que habita o íntimo do ser
Moço, isso (não) é um muro das lamentações

É tanto sentimento que preciso logo sair escrevendo. Pôr pra fora o que às vezes chega a me corroer por dentro. Chego a morrer e renascer cerca de dez vezes por dia. Sinto o néctar da vida percorrer por minhas entranhas. Respiro. Suspiro. Olhos cerrados.

Aos poucos a vida vai se refazendo, como um retalho remendado em uma grande colcha, ora aconchegante, ora asfixiante. Queria sair escrevendo por aí, sobre os dessabores dessa existência, deixar por todos os lugares que não, isso tudo não é em vão! Ah, não pode ser só isso.

Depois do final, ficamos meio perdidos no recomeço. Como se somente o futuro ou resquícios do passado fossem as causas da dor. O dia vai começar de novo, com aquela brisa gélida vindo das direções do Rio Correntes. E vai anoitecer antes das seis, porque é outono, e eu gosto do outono.

Sob a viseira do capacete a vida se transcorre aos olhos. A melhor fotografia que alguém poderia enxergar. Vejo as essências das almas que passam por mim.


São histórias que se repetem, repetem e repetem mentalmente. Está ali me cutucando. Como se fossem cenas de filmes, só que com o enredo de minha vida. Vai-e-volta. Talvez eu tenha passado mais tempo sozinha com meus pensamentos, com o meu computador, mas sozinha. Sozinhas às vezes com pessoas ao redor, mas que não se tem intimidade o suficiente para poder contar do dia corrido. 

Mudei. E não só de cidade que eu vivi desde criança... Talvez as coisas tenham ficado pequenas para mim e meus sonhos. Não nos cabe mais. Fico a procurar palavras, mas nem elas são suficientes. Vai além, muito além. Além do meu ser; de todos os seres e dessa estratosfera! 

Sinto meu coração num espeto. Com isso vou praticando o desapego. Meu coração não é disso aqui. Vai além de mim, mais que à mim...


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Voltas e revoltas de um mundo não tão meu

VII - Da falta do ex melhor amigo que lhe suturava os cortes que a vida lhe proferia
XV- Da antiguidade na dor que te faz expert em coagular a feridas e fazê-las teu pranto

Os planos de um ano novo realmente ter algo de novo talvez, dessa vez, tenha funcionado.
Aos 3 do janeiro, do tão esperado 2015, entrei para os 24 anos. Aos 10 do mesmo janeiro entrei para outro estado, outra cidade, outra vida. Aos 20 de tal mês, a vida nos deu uma grata surpresa, meu irmão mais novo será papai. Assim literalmente declararão: Natália ficou definitivamente para titia.

E vou dizer bem, ao longo desse monólogo de um blog tão clichê. Ô vida.

Talvez tenham sido necessárias tantas decepções ano passado para que algo definitivamente mude neste e nos próximos anos. A vida tem sido sim muito cruel comigo. E sei que mereço essa tal crueldade. Acho, aliás, tenho grande convicção de que envelheci (psicologicamente!) uns 10 anos nos últimos 3 meses. Sinto como se de uma hora para outra todos os fios de cabelo fossem ficar brancos.

No entanto, não sou daquelas de deixar meus medos e receios tomarem conta de mim, mesmo que por vezes eles saiam das profundezas e venham me assombrar pessoalmente.

Eu sou aquela da tatuagem do sushi, que parece um caramujo ou caixa de marimbondo. Às vezes sinto que as pessoas não me levam à sério; muito menos o que eu sinto à sério. Mas quê importância eu tenho mesmo para as pessoas?

Estou com aquela vontade de me encolher uns 15 anos, deitar numa cama acolhedora e abraçar aquele ursinho felpudo até desatar o nó que se faz em minha garganta, até sentir que está tudo bem. Pena que isso não passa de devaneio de uma mente insana. Então, me ponho à escrever...

Vivo, na esperança de que minha vidinha saia do level estágio, fase gambiarra... Talvez eu já esteja em alguma mais digna e promissora. Tenho fé que sim.